Fim de isenção de imposto gera alta do etanol

Fim de isenção de imposto gera alta do etanol

O consumidor sorocabano tem desembolsado mais desde o início de janeiro para abastecer o veículo no dia a dia. No fim de 2016, por decisão do governo federal, a isenção do PIS/Cofins (impostos) sobre o etanol não foi prorrogada, o que resultou num aumento gradativo do preço do combustível derivado da cana de açúcar. Como o álcool anidro também está presente na gasolina (numa porcentagem de 27%), o derivado do petróleo também sofreu aumento nas bombas: na prática, o etanol está cerca de R$ 0,10 (3,5%) mais caro do que há um mês, enquanto a gasolina está custando, em média, R$ 0,05 (1,3%) a mais do que no final de dezembro. 
Conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do litro do etanol no mês de janeiro em Sorocaba é de R$ 2,73 -- se comparado com setembro de 2016, quando o custo médio era de R$ 2,25, o aumento é de mais de 21% desde então. O preço mínimo encontrado pela órgão foi de R$ 2,49, enquanto o máximo chegou a R$ 2,93. O levantamento foi feito com base em 78 postos da cidade entre os dias de 1 a 21 de janeiro. Ocorre que, desde o início do ano, o aumento dos preços tem se dado de forma gradativa e, com isso, o valor médio da última avaliação (que leva em conta a semana de 15 a 21 de janeiro) é de R$ 2,74. Na última semana de dezembro, o preço era de R$ 2,65.

Entressafra

Além do aumento pelo fim da isenção do tributo, o período de entressafra da cana-de-açúcar também é considerado um vilão para a elevação do custo do etanol. A intensificação da colheita do produto deve se iniciar a partir do fim de março, quando os preços poderão entrar em queda. Até lá, porém, a gasolina deverá seguir vantajosa ao consumidor. Na avaliação de janeiro, o combustível apresenta preço médio de R$ 3,56, com valor mínimo de R$ 3,37 e máximo de R$ 3,69, e segue como opção mais rentável, já que apesar do custo maior, confere maior autonomia ao automóvel do que o álcool. 
De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Sorocaba (Sincopetro), Jorge Marques, o etanol nunca esteve tão caro para o consumidor. Além da entressafra e do fim da isenção do PIS/Cofins, a inflação e as incertezas políticas e econômicas do País são apontados por ele como fatores que têm acarretado prejuízo ao bolso de quem depende do uso do carro no dia a dia. E as projeções também não são das mais otimistas. "Não existe um cenário estável. E o governo não pretende diminuir impostos, pois quer fazer caixa. Com isso, a tendência é de alta [nos preços]. Ou, se não aumentarem, também não deverão cair", analisa. 
Marques ressalta que o aumento de preços reflete negativamente não apenas para o consumidor, mas também para os postos, que vêem cair o consumo do produto. "As pessoas podem não ter abandonado o carro, mas rodam menos. Usam eventualmente, pegam carona ou então aproveitam o mesmo caminho para fazer várias atividades de uma vez. O volume de vendas caiu muito", explica. O presidente do Sincopetro local destaca ainda que, mesmo que venha a cair no período de safra, o preço do etanol não deverá chegar a índices anteriores. O motivo disso, segundo ele, é a inflação que vem se acumulando. "Desde o início de 2014 o consumidor está sendo atacado por aumentos. Há alguns anos, o etanol caro era vendido a R$ 2,20. Hoje se paga quase R$ 2,80." 

No bolso 

"Preços horríveis. Tá muito caro. Tudo, aliás, até comer está difícil". A pergunta direcionada ao profissional liberal Jonas Mendes foi sobre o preço dos combustíveis nas bombas, porém, na resposta, ele logo deixou clara a insatisfação com os preços de produtos em geral. Ele, que prefere abastecer o carro com etanol, sentiu a diferença no bolso desde o início do ano, mas ainda assim acredita que seja mais rentável optar pelo derivado da cana de açúcar. O mesmo pensa a supervisora operacional Vivian Gonçalves, que apesar de considerar o valor do combustível alto, se diz "no lucro". "Semana passada, em Minas Gerais, cheguei a pagar mais de R$ 4 no litro do álcool", conta. 
Já o gerente de operações Sérgio Bueno Leite, que também tem preferência por abastecer com etanol, se viu obrigado a rever a escolha. Para ele, que utiliza muito o veículo e estima gastar cerca de R$ 1,5 mil por mês no posto de gasolina, a diferença de preços desde o início do ano traz um grande prejuízo. "Como rodo bastante, qualquer R$ 0,05 faz diferença", comenta.

Fonte: 
http://www.jornalcruzeiro.com.br/materia/761316/fim-de-isencao-de-imposto-gera-alta-do-etanol

Últimas do Blog